Parece desculpa, mas não é. Pegar pesado no trabalho pode comprometer
os planos de ser pai. De acordo com novos estudos realizados pelo National Institutes of Health –
agência de pesquisas médicas do Departamento de Saúde dos Estados
Unidos –, em parceria com a Universidade de Stanford, a qualidade do
sêmen se deteriora quando o homem exerce trabalhos extenuantes. A
pesquisa também inclui outros fatores que contribuem para a baixa
qualidade seminal, como a hipertensão e doenças que levam à ingestão de
muitos medicamentos diariamente.
De acordo com Michael Eisenberg (Universidade de Stanford), a
qualidade do sêmen é avaliada a partir de alguns parâmetros, como forma,
quantidade e movimentação dos espermatozoides. Quanto melhores forem
esses parâmetros, maiores são as chances de fertilizar o óvulo feminino,
dando continuidade com a formação do embrião. "Como muitos homens estão
tendo filhos tardiamente, é preciso levar em conta doenças relacionadas
ao processo de envelhecimento a partir do ponto de vista da
fertilidade".
Assim como praticar exercícios em excesso pode comprometer a
fertilidade – tanto masculina, quanto feminina –, exercer atividades
profissionais extenuantes acarreta o mesmo problema. O excesso de
cortisol acaba causando deficiência de testosterona. Segundo Aguinaldo
Nardi, especialista em Medicina Reprodutiva e diretor do Fertility
Medical Group de Bauru (SP), o cortisol é um hormônio esteroide
produzido em resposta ao estresse. Apesar de ser fundamental para a
vida, em excesso tem graves implicações. Uma delas é exatamente a
deficiência de testosterona. Outra, o aumento da pressão arterial – que
leva, na sequência, à necessidade de medicamentos de uso contínuo. Esse
conjunto ainda pode ser acrescido de fadiga, depressão e perda de desejo
sexual.
"A partir dos 30 anos, o homem começa a perder testosterona. A queda
anual gira em torno de 0,8% ao ano. Isso tem levado muitos homens, hoje
em dia, a buscar ajuda da Medicina Reprodutiva quando desejam ser pais
na meia-idade. Mesmo que já tenham filhos, geralmente de um primeiro
casamento, isso não significa que estão isentos de enfrentar problemas
mais adiante. Por isso, quando o casal tenta durante um ano inteiro
engravidar e não consegue, o ideal é recorrer a uma clínica de
fertilização assistida. Tanto a mulher quanto o homem serão
criteriosamente avaliados sob o ponto de vista reprodutivo, histórico de
saúde, estilo de vida, padrão alimentar, atividade profissional que
exercem etc. Trata-se de um conjunto de informações que permitirá
definir o tratamento adequado", diz Nardi.
Na opinião do especialista, estudos como o apresentado pelo NIH, que
alertam para o papel que o excesso de esforço físico e de estresse pode
exercer em quadros de infertilidade, devem ser rapidamente absorvidos, a
fim de contribuir para o aperfeiçoamento dos tratamentos disponíveis.
"Não se pode esquecer que 40% das causas da infertilidade enfrentada por
um casal estão relacionados a fatores masculinos. Entre tantos fatores,
alguns ainda estão sendo investigados. Vale dizer que outros 40% são
referentes a fatores femininos e 20% são atribuídos a causas
desconhecidas. Como avançamos muito na resolução de alguns problemas que
impactam a fertilidade de um casal, vale a pena recorrer à Fertilização
Assistida para investigar as causas da infertilidade, fazer um
tratamento adequado – o que pode implicar em mudanças de estilo de vida e
de ocupação, inclusive –, e concretizar o sonho de ter um bebê."
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