Não é errado amar uma pessoa viciada: errado é permitir que ela
continue a viciar-se. Há uma maneira afetuosa par que você ajude a uma
pessoa que se encontra dominada por um vício, seja ele qual for.
Sempre que existe um problema de vício (toxicomania, alcoolismo, etc.)
na família, os membros não viciados evitam encará-lo. Independente do
caos que isto esteja ocasionando, muitos se recusam a culpar a droga ou
dizem simplesmente: “Se houver problema mais sério, eu tomo
providência.” Estas pessoas se apegam a uma esperança de que logo o
problema vai acabar, ou acham que o vício se acabará sozinho. Nada disso
porém vai acontecer. Não com a maioria dos viciados.
A pessoa viciada não tem forças para enfrentar seu problema sozinha.
Necessitará de toda ajuda possível. Sem muita ajuda, com certeza ela
fraquejará. Você não precisa esperar que uma pessoa viciada venha
suplicar-lhe ajuda. Precisa entender que o viciado, sabe que o é, e de
certo modo, procura negar esta verdade, por sentimento de culpa,
vergonha ou medo de ver a sua imagem destruída. Muitos insistirão em
afirmar que não são dependentes de algum vício. Não espere que um
viciado venha até você solicitar algum tipo de ajuda. Você é que tem o
dever de ajudá-lo voluntariamente, apoiá-lo e orientá-lo. Para tanto a
primeira coisa a ser feita é a INICIATIVA.
A INICIATIVA, não é confrontação. É uma maneira, cuidadosamente
ensaiada, de você dizer exatamente à pessoa que ama, como é que o uso da
droga ou vício que tem, a está prejudicando. Mas não diga isto a sós
com a pessoa viciada, pois o resultado será desprezível. É importante
combinar com amigos, membros da família, pessoas que você sabe serem
importantes na vida do viciado, tudo quanto irão dizer-lhe. De nada
adianta dizer para uma pessoa viciada: “Se você gosta mesmo de nós, pare
de viciar-se.” Tal coisa não dará em nada. Você deixará a pessoa
constrangida e o efeito será nulo. Ela poderá ficar ressentida e fugir
da companhia de todos, recusando-se a colaborar. A melhor maneira de
tomar a INICIATIVA, é preparar um programa de ação. Eis os passos da
INICIATIVA:
1° Todas as pessoas reunidas para falar com o
viciado, devem saber o máximo sobre a vida dele, sobretudo sobre os
danos que o vício está causando à pessoa.
2°. Devem conhecer de um modo satisfatório os efeitos e conseqüências do vício, para transmitirem isto ao viciado.
3°.
Devem falar franca e positivamente ao viciado, dizendo-lhe apenas a
verdade, sobre as conseqüências morais, mentais, física e sociais que
ele pode estar causando ou causará.
4°. Devem ter em mãos um
PLANO DE AÇÃO, um PROGRAMA, para que o viciado possa iniciar
imediatamente. Os problemas devem ser abordados de modo enfático, e em
seguida serem apresentadas soluções viáveis.
5°. Caso o
viciado já esteja numa fase crônica, não relutem em encaminhá-lo para
uma clínica de recuperação e assumirem todas as responsabilidades. Para
tanto, devem buscar antecipadamente todas as informações acerca da
clínica, dos médicos, do custo e período de tratamento. Todas as coisas
devem ser anunciadas ao viciado, durante a conversa de INICIATIVA.
6°.
Se o caso é muito grave, é importante ter um profissional competente
para orientar o grupo de INICIATIVA. Um psicólogo, ou psiquiatra, pode
dar sugestões importantes.
7°. Não relutem em comunicar à
empresa, escola ou qualquer outra instituição freqüentada pelo viciado,
que ele precisará de toda ajuda possível, quer recebendo uma licença
para tratamento, ou mesmo férias antecipadas. É muito provável que estas
instituições já tenham pensado nisto.
8°. Cada um dos participantes da INICIATIVA deve ler ou falar alguma
coisa sobre o vício, sendo que tudo deve ser ensaiado e revisado por um
especialista.
9°. Mostrar ao viciado como é que ele fica ou
se comporta quando está viciado. As conseqüências que ele traz para si e
para as demais pessoas.
10°. Caso a pessoa viciada esteja
correndo risco de vida por causa do vício, é bom que lhe sejam tirados a
carteira de habilitação e o veículo, bem como deve ser advertido que
enquanto não se curar, não terá permissão para guiar automóvel. Tal
decisão será tomada para proteger a vida da pessoa viciada e dos demais.
A Intervenção
Depois da INICIATIVA, o segundo passo a ser tomado é a INTERVENÇÃO. O
processo pode ser variado e deve seguir sempre a indicação de
especialistas, quando o caso for grave. Como saber se o caso de um
viciado já é grave? Basta que peçam a opinião de 5 pessoas conhecidas do
viciado. Qualquer pessoa de bom senso saberá identificar o grau de
desequilíbrio de um viciado. Caso a maioria determine que o grau é
máximo, então o viciado deve ser imediatamente encaminhado a uma clínica
de tratamento e reabilitação.
Quando ficar
constatado que o vício ainda não atingiu o grau máximo, então pode ser
criado um PROGRAMA de reabilitação e encorajamento. O programa deste
livro pode servir e ser adaptado para qualquer viciado em grau moderado.
Para cumprir o programa estabelecido neste livro, é necessário que
todos que rodeiam a pessoa viciada lhe dêem auxílio, quer ajudando na
organização de tabelas, listas, gravações, quer seja participando de
atividade recreativas e dialogando com a pessoa que está se reeducando.
Você pode criar um grupo de apoio ao viciado, instituindo prêmios,
reuniões e outras atividades que ajudem a preencher o espaço vazio
causado pelo afastamento do vício. Lembre-se que a terapia mais
conhecida é o trabalho. É importante manter a pessoa reeducada em
atividade. Se ela ficar num canto, abandonada e marginalizada, é muito
provável que volte ao vício como fuga da realidade, principalmente se
ele estiver relacionado com drogas de qualquer espécie.
Ajudar um viciado a reabilitar-se é um tarefa difícil e requer uma
grande dose de energia. É necessário desenvolver um verdadeiro
sentimento de amor pela pessoa viciada, pois é de amor e carinho que ela
mais necessita.
Uma personalidade frágil é sem
dúvida a mais fácil de ser enredada pelo vício. Desde cedo é importante
dar à criança carinho, apoio e atenção, do contrário esta poderá ser
presa fácil dos traficantes, das más companhias e mesmo dos sentimentos
de nulidade, comuns em pessoas rejeitadas e menosprezadas. Num livro
como este, que visa apenas estabelecer um programa de conscientização e
de auto-ajuda, seria por demais inconveniente falar-se de educação
familiar, dos meios de preventivos para evitar a viciação prematura de
crianças e adolescentes. Qualquer pessoa que tenha amor aos filhos
deverá procurar informações específicas em livros, com especialistas e
pessoal ilustradas, para adquirirem um modo mais eficaz de lidar com
eles, de modo a evitar que se ciciem. O bom exemplo será sempre a
principal regra a ser obedecida.
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