O câncer de pulmão tem um aumento mundial de 2% ao ano. No Brasil, de
acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), só no ano passado
mais de 17 mil novos casos da doença foram diagnosticados em homens e
mais de 10 mil em mulheres. Os tabagistas têm entre 20 e 30 vezes mais
risco de desenvolver esse tipo de câncer em relação aos não-fumantes.
Estudo recentemente publicado no jornal Cancer demonstrou que o
rastreamento com tomografia computadorizada de baixa dosagem em
tabagistas pesados reduziu a mortalidade por câncer de pulmão em 20%, em
comparação com o raio-X. O estudo também indica que 12 mil mortes pela
doença poderiam ser evitadas nesse grupo de maior risco com o uso da
tomografia nos Estados Unidos.
Um segundo estudo, publicado no New England Journal of Medicine
afirma que o número de vidas que podem ser salvas através desse
critério diagnóstico é ainda maior, sugerindo que outros grupos de
pessoas tenham acesso. De acordo com o médico radiologista de tórax
Moacir Moreno Junior, do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB),
em São Paulo, a tomografia computadorizada (TC) é um exame preciso e
bastante eficiente na detecção e acompanhamento pós-tratamento do câncer
pulmonar. "O exame possibilita uma visão em fatias milimétricas de todo
o pulmão, permitindo detectar e medir as dimensões de uma lesão, sua
posição e relação com as demais estruturas ao redor. A TC também pode
ser utilizada, quando indicado, como método para guiar biópsias de
lesões pulmonares, facilitando o diagnóstico de tumores ainda em estágio
inicial, com aumento das chances de cura".
Na opinião do especialista, que costuma analisar imagens diagnósticas
de mais de mil pacientes ao ano com suspeita de câncer pulmonar, a
tomografia computadorizada de baixa dose é um ótimo método para
rastreamento de câncer de pulmão em pessoas de alto risco,
principalmente tabagistas. Mas a decisão de se realizar o exame deve ser
tomada juntamente com o médico que será responsável por interpretar o
resultado e acompanhar o paciente, devido à grande quantidade de lesões
benignas que costuma ser detectada – e que acaba levando a situações de
estresse e ao risco de procedimentos diagnósticos invasivos
desnecessários.
"Mesmo quando o exame não identifica nenhum
nódulo, isso não isenta o paciente de vir a desenvolver câncer pulmonar
caso continue a fazer parte do grupo de alto risco. Por isso, é
fundamental o controle periódico e, principalmente, a adoção de hábitos
mais saudáveis, como abandonar o cigarro", diz Moreno. É muito comum o
paciente fumante deixar para consultar um médico somente na presença dos
primeiros sintomas, quando a doença já está avançada. Trata-se de um
erro grave, podendo comprometer as chances de sobrevida do paciente.
Tumores
de localização pulmonar central podem provocar tosse, sangramento e
falta de ar. Os que envolvem o ápice pulmonar podem desencadear dores
nos ombros e braços. Há outros, porém, que não dão sinais tão evidentes.
De acordo com o médico, esses ou estão localizados em uma região mais
periférica do pulmão, ou têm dimensões tão pequenas que ainda não
produzem sintomas. É justamente nessa fase inicial que as chances de
cura seriam maiores se a lesão tivesse sido detectada.
A
quantidade de radiação administrada nesses estudos também deve ser
levada em conta na decisão da realização rotineira dos exames de
tomografia, e deve-se pesar o custo-benefício em cada caso, a depender
de fatores de risco como idade e tabagismo pesado.
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