quinta-feira, 16 de abril de 2015

Ginástica Aeróbica: benefícios para as mulheres praticantes em relação à Síndrome Pré-Menstrual (SPM)

INTRODUÇÃO
Muito salientada e motivo de reclamações das mulheres, a Síndrome pré menstrual (SPM), de acordo com Barnhart (1995), engloba uma variedade de sintomas emocionais e físicos que ocorrem por alguns dias ou algumas semanas antes da chegada do fluxo menstrual. Sendo considerada também como uma desordem cíclica preconizada pela aparição de vários sintomas físicos e psicológicos durante o período em que a mulher está liberando o LH – Hormônio Luteinizante – sendo esse fator o responsável pelas desordens. Diversos sintomas acabam caracterizando a SPM, se resumindo em distúrbios físicos, afetivos, cognitivos e comportamentais que aparecem durante a fase pós ovulatória do ciclo menstrual e que termina com a chegada da menstruação, se estabelecendo em seguida o início de um novo ciclo. O organismo começa a se preparar para uma eventual gravidez, isso levará logo a um processo conhecido como menstruação. Neste processo preparatório, grandes quantidades de estrogênio e progesterona são produzidos pelos ovários, vitais para a gravidez. Começa a se desenvolver então o endométrio, ocorrendo a liberação de ovócitos II do folículo, onde os mesmos logo serão encaminhados para as tubas uterinas, marcando a fase ovulatória do ciclo. Nesta etapa já pode ocorrer a fecundação do óvulo com o espermatozoide, se esse encontro não acontecer, haverá uma decomposição endometriana, culminando no fluxo menstrual.
Esse mesmo fluxo menstrual dura em média 28 dias, podendo variar em torno de 22 a 33 dias. Significa dizer que esse processo tem suas características particulares para cada organismo feminino. A chegada da menstruação marca o fim de um ciclo e logo com o seu fim o início de um novo, dando seguimento ao período fértil da mulher. Chuong (1985) traz outra definição para a SPM afirmando que ela é um:
"complexo de sintomas caracterizados por mudanças psicológicas incluindo irritabilidade, agressividade, tensão, ansiedade e depressão, marcada por mudanças somáticas atribuídas à retenção hídrica como a sensação de se sentir inchada, aumento de peso, edema, sensibilidade mamária e cefaleias antes da chegada do fluxo menstrual."
O objetivo do estudo foi relatar, principalmente, os benefícios do exercício físico relacionados à SPM, observando se as entrevistadas enxergavam alguma relação entre a ginástica aeróbica, alimentação saudável e os efeitos dessa síndrome. Além de verificar se existe alguma forma de atenuação ou eliminação dos principais sintomas sentidos pelo público feminino neste período, abordando os seus efeitos sobre as praticantes e não praticantes de ginástica aeróbica.
OS ESTUDOS JÁ REALIZADOS
As mulheres que possuem uma vida totalmente desregrada em termos de saúde, tendo um estilo de vida inativo, se alimentando inadequadamente e possuindo ainda outros hábitos prejudiciais como o uso de bebidas alcoólicas e fumo, estão mais propensas a SPM. O que se sabe e já está bem claro para a sociedade científica é que os exercícios físicos bem orientados e realizados de forma correta ajudam significativamente na melhoria da saúde e da qualidade de vida do ser humano, porém, o que se nota com o passar do tempo é que as pessoas vão deixando de se movimentar, vão perdendo o gosto pelo movimento e é essa perca que acaba interferindo qualitativamente no seu bem-estar. Estima-se mais de 200 sintomas atribuídos a SPM, com 150 já cadastrados através da literatura específica. Estudos nacionais e internacionais vêm sendo realizados evidenciando a diferença biológica, psicológica e social da mulher que se exercita em relação a que não possui uma rotina sistemática de atividades físicas estruturadas. Países como Finlândia, Canadá, Brasil e principalmente Estados Unidos já abordaram diversos assuntos relacionados à atenuação dos sintomas da SPM mediante a prática de exercícios em academias, destacando-se a ginástica aeróbica como principal responsável desses acontecimentos.
ASPECTOS GERAIS DO CICLO MENSTRUAL
            Mulheres em idade fértil, todos os meses sofrem com a menstruação, processo regular onde acontece a saída de sangue e demais células mortas pelo canal da vagina, dando início a um novo ciclo reprodutivo feminino. Passa a se estabelecer então fases periódicas, onde a mulher em fase reprodutiva todos os meses tem o seu corpo preparado para a gravidez. Este ciclo se define como o intervalo entre o primeiro dia de menstruação e o primeiro dia da menstruação seguinte, durando em média 28 dias, variando entre 22 a 33 dias geralmente. A ovulação só irá ocorrer na metade do ciclo, 14 dias antes de se estabelecer um novo período preparatório uterino (ABRAHAM, 1978). Este processo cíclico é controlado pela interação de diversos hormônios secretados pela tríade: hipotálamo, glândula pituitária, e ovários.
De início, ocorre um desenvolvimento das células que revestem o útero (formação do endométrio) para um possível desenvolvimento fetal. Através da sinalização hormonal o ovário libera um ovócito II que começa a migrar para dentro do útero através de uma das tubas uterinas. Se não ocorrer a fertilização do ovócito II, o revestimento do útero (endométrio) começa a se degradar para dar início à formação de um novo espessamento. O sangue acaba levando essa cobertura para fora através da vagina e é justamente essa descarga que é conhecida como "Menstruação". Este período dura em média de três a sete dias. Se ocorrer a fecundação e a mulher engravidar esse processo menstrual se encerra (TOMITA, 1999).
            Todo esse ciclo pode ser dividido em duas fases principais:
  • Fase folicular, em que os eventos bioquímicos e fisiológicos (secreção de hormônio luteinizante, LH, hormônio folículo-estimulante, FSH, estrogênio e progesterona) suportam o crescimento do folículo (complexo de células que cerca e cultiva o óvulo) no ovário e constroem o revestimento do útero para receber o ovo fertilizado. No meio do ciclo, quando o ovócito II está pronto, um sinal químico - um surto de LH e FSH - sinaliza ao ovário para liberá-lo. Esse estágio é chamado de ovulação, e é a melhor hora para que a fertilização ocorra.
  • Fase lútea, em que os restos do folículo (corpo lúteo) continuam secretando estrogênio e progesterona para manter a disponibilidade do útero. Se ocorrer a fertilização, então a fase lútea continua durante a gravidez caso contrário, se a fertilização não ocorrer, o útero perde sua cobertura, o sangramento começa e outro ciclo menstrual se segue.
O QUE É SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL (SPM) E QUAIS SÃO SUAS CAUSAS?
            Caracteriza-se como síndrome um grupo de sintomas e sinais que ocorrem juntos e caracterizam condição anormal ou patológica de várias origens. A SPM constitui um conjunto de mudanças biológicas provocadas por alterações hormonais que acabam interferindo nos aspectos emocionais, comportamentais, cognitivos e sociais na mulher. Os sintomas gerais estão descritos na tabela 1.
Tabela 1 – Sintomas gerais da SPM
Psicológicos:
  • Mudanças de humor, por exemplo: choro sem motivo, depressão, ansiedade, raiva, tristeza ou irritabilidade
  • Mudanças nas funções mentais, incapacidade de se concentrar ou lembrar-se das coisas
  • Mudanças no impulso sexual, aumento ou diminuição da libido
Físicos:
  • Náusea, diarreia ou prisão de ventre.
  • Fadiga
  • Dificuldade para dormir
  • Dor de cabeça
  • Inchaço
  • Acne
  • Mudança na constituição dos seios
  • Dores nas articulações ou nos músculos
  • Cólicas
  • Desejos incontroláveis por alimentos específicos, especialmente carboidratos, chocolate e outros doces
  • Aumento no peso
Esses sintomas costumam aparecer entre 7 a 14 dias antes da menstruação e param assim que um novo ciclo menstrual começa. Durante a fase lútea, última fase do ciclo menstrual, a mulher tem o nível de estrogênio aumentado pelos ovários, acontecendo também à produção de progesterona, preparando o útero para uma eventual gravidez. Se não ocorrer a fertilização os níveis desses hormônios caem matando o endométrio e provocando a menstruação. Muitos pesquisadores acreditam que os níveis de estrogênio e progesterona na mulher, especificamente nessa fase cíclica, estão intimamente relacionados com diversos mensageiros químicos do cérebro, os famosos neurotransmissores.
Os principais neurotransmissores afetados são:
a)      Serotonina: regula os padrões de humor e bem-estar;
b)      Ácido gama-aminobutírico (GABA): se relaciona com a ansiedade e a depressão;
c)      Endorfina: atua na sensação de prazer e na redução da intensidade de dor;
d)     Noradrenalina e adrenalina: neurotransmissores relacionados às respostas do corpo ao estresse.
Acredita-se que os hormônios femininos ainda interfiram nos mineralocorticóides, mensageiros químicos que regulam o controle hídrico do corpo podendo estar relacionado ao inchaço típico dessa síndrome; na prolactina, hormônio que estimula o desenvolvimento dos seios e a produção de leite durante a gestação se relacionando com as dores sentidas nas mamas durante a síndrome; no cortisol, mensageiro químico também relacionado à resposta do corpo ao estresse.
BENEFÍCIOS DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS EM RELAÇÃO Á SPM
            Inúmeros são os benefícios da atividade física sistemática para a saúde e o bem-estar do ser humano. Entre os principais fatores benéficos da prática regular destacam-se as melhorias no sistema ósseo (ajudando na mineralização e na fortificação do osso), no sistema muscular (contribui para o vigor muscular e para movimentos mais eficientes), no sistema cardiorrespiratório (retardando a fadiga e evitando doenças cardiovasculares) e no sistema nervoso (ativando sinapses e contribuindo para a manutenção das mesmas). Além desses benefícios físicos, pode-se destacar também uma série de outros campos que se valorizam, como o lado social, emocional, psicológico e espiritual (SABA, 2008).
            A atividade física sistemática pode atenuar os sintomas psicológicos sentidos pela mulher na fase lútea, além de contribuir para a diminuição de outros sintomas físicos como inchaço das mamas e retenção de líquidos (JOHNSON, 1992). As mulheres que possuem um estilo de vida ativo acabam possuindo uma auto-estima maior em relação às sedentárias, evento esse que interfere beneficamente na diminuição da depressão, das dores de cabeça, das alterações de humor, da ansiedade, da raiva, da tristeza, entre outros caracteres psíquicos. Durante a prática o corpo acaba liberando maior número de endorfinas (neurotransmissores), que são responsáveis pela sensação de bem-estar e relaxamento, isso acaba interferindo na defaléia e no número de cólicas (dismenorréia) sentidas pela mulher com SPM. As melhorias em relação à síndrome sentida pela mulher na fase lútea, fase em que ocorre a liberação de LH, parecem estar estritamente relacionados aos campos psicológico, social e emocional. Pode-se com a prática de exercícios distrair as praticantes, atenuando os sintomas aflitivos, além do aumento da autoestima e crescimento da resistência ao estresse.
            Mudanças centrais nos neurotransmissores estão relacionadas à SPM, onde endorfinas circulantes e níveis de dopamina tendem a aumentar com os exercícios físicos, alterando o LH e o humor da praticante. O que se observa então é que um estilo de vida ativo acaba por interferir no sistema endócrino salutarmente, fazendo que efeitos colaterais inerentes ao ciclo menstrual sejam reduzidos ou em alguns casos nem sentidos.
            A ginástica aeróbica então passa a ser uma das principais atividades físicas sistematizadas que acabam colaborando para a saúde e o bem-estar feminino. Através de sua prática regular as taxas desreguladas de mensageiros químicos, neurotransmissores como a endorfina, dopamina, GABA, noradrenalina, adrenalina e serotonina, passam a encontrar um certo equilíbrio qualitativo e quantitativo em seu organismo, isso irá culminar na atenuação dos índices de sintomas da SPM (CHUONG, 1985).
A GINÁSTICA AERÓBICA
            Mediante os trabalhos do Dr. Kenneth Cooper, o sistema de exercícios aeróbicos começou a ser desenvolvido com o teste dos 12 minutos (nesse protocolo o participante deve correr o máximo possível durante o tempo estabelecido). Esse feito ocorrido na década de 60 colaborou para que mais tarde, Jack Sonensen, desenvolve-se a "Dança Aeróbica", um programa de exercícios físicos que trabalhava capacidades físicas como flexibilidade e resistência por meio de sistemas musicais. Mais tarde essa atividade seria aperfeiçoada e mais bem desenvolvida pela Dra. Phillys C. Jacobson fomentando melhor a fisiologia e os aspectos pedagógicos envolvidos em tal processo. Aparece nesse processo a importância do currículo na formação dos professores, o qual permite a construção de atividades que façam valer o trabalho desenvolvido (NEIRA, 2009). Na década de 80, com a ginástica já desenvolvida em espaços de exercícios físicos como clubes, academias e centros esportivos, o número de praticantes cresceu bastante e houve uma grande difusão de tal processo no mundo inteiro. Nesse contexto histórico fica claro que o homem é uma espécie de produto, resultante do meio sociocultural em que se insere, ele acaba por adquirir a herança de gerações e ações passadas, construindo mais conhecimento e se tornando mais experiente (LARAIA, 2001).
            Entende-se por Ginástica Aeróbica como um conjunto de movimentos característicos do treinamento aeróbico que faz uso dos membros inferiores e superiores de forma repetitiva e constante, contando ainda com o auxílio de músicas gerando ao corpo do praticante um grande trabalho no sistema cardiorrespiratório. Todo esse esquema ativo faz com haja uma maior eficiência de todos os órgãos envolvidos no apoio cardiovascular e do trato respiratório. (AFAA - Aerobic and Fitness Association of America).
Tabela 2 – Objetivos e Benefícios da Ginástica aeróbica
FISIOLÓGICOS
Diminuição do percentual de gordura;
Melhoria e prevenção de problemas no sistema cardiovascular;
Melhoria e prevenção de problemas no sistema cardiorrespiratório;
Promoção de bem estar e saúde;
Melhoria e aumento das capacidades físicas.
MOTORES
Melhoria e aumento das capacidades motoras (coordenação, agilidade etc.);
Prevenção de problemas e vícios posturais;
Aumento do domínio espacial;
Aumento das habilidades motoras específicas;
Aumento da percepção e do reflexo.
SÓCIO AFETIVOS
Estimular a convivência em grupo;
Incrementar a relação professor-aluno;
Adquirir novos valores sociais.
PSICOLÓGICOS
Aumento da autoestima;
Combater o stress;
Adquirir hábitos de higiene e saúde;
Benefícios no desempenho sexual;
Percepção do corpo.
ALIMENTAÇÃO E SUA INTERFERÊNCIA NA SÍNDROME
            Se tratando de hábitos alimentares, o principal fator a ser considerado se refere à ingestão de carboidratos (açúcares), os quais são encarregados de repor o nível glicêmico que fica baixo com a SPM. Os carboidratos complexos, se ingeridos antes da menstruação acabam por ajudar a repor os níveis de serotonina, neurotransmissor responsável pelo humor e bem-estar, no corpo. Deve-se, porém prestar atenção ao tipo de carboidrato que está sendo consumido, pois, os carboidratos simples acabam atuando de forma antagônica colaborando para a retenção hídrica no corpo, aparecimento da irritação entre outros fatores prejudiciais (SABA, 2008).
            Uma alimentação saudável deve favorecer muito a mulher em relação à atenuação dos sintomas dessa síndrome. Evitando a cafeína nesse período, pode-se diminuir os níveis de irritabilidade, nervosismo e insônia, restringindo os vasos sanguíneos e aumentando a tensão e ansiedade. A cafeína aumenta a noradrenalina, cortisol e adrenalina, que são os hormônios do estresse, responsáveis por elevar a pressão arterial e freqüência cardíaca. Grandes quantidades de sal podem aumentar a retenção de líquidos no corpo, provocando o inchaço, sem falar no uso de drogas como o álcool e o fumo (nicotina) causando efeitos depressivos e nervosos. O consumo de álcool diminui a função da hipófise, glândula cerebral, com uma menor secreção do hormônio luteinizante (LH), resultando em uma maior freqüência de ciclos anovulatórios (ausência de ovulações). Atendendo a essas orientações a mulher na fase lútea pode juntamente com a prática regular de exercícios ter os seus sintomas da SPM bastante atenuados, proporcionando mais saúde e qualidade de vida no seu dia-a-dia.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a elaboração do estudo foram entrevistadas por meio de fichas de avaliação 20 mulheres, sendo 10 praticantes de ginástica aeróbica e outras 10 possuindo um estilo de vida inativo. As mesmas puderam expor através das questões enfatizadas os principais sintomas sentidos durante SPM, além de esclarecer se conhecem o real significado da menstruação e sua relação com a alimentação e atividade física sistemática.
Após a análise das fichas foram feitas comparações das respostas com uma revisão bibliográfica referente a padrões fisiológicos e sociais característicos da síndrome pré menstrual e do ciclo menstrual. Todas as mulheres analisadas se propuseram a participar do estudo com ampla satisfação e vontade. Tanto para as praticantes de ginástica aeróbica como para as não praticantes as fichas e os procedimentos do estudo seguiram a mesma sequência e padrão avaliativo. Todas as mulheres avaliadas atenderam a todas as necessidades impostas pelo estudo, seguindo as orientações devidas de cada etapa. As mesmas se encontravam na mesma média de idade, entre 18 e 22 anos, facilitando assim a equidade dos dados. Todas as praticantes de ginástica aeróbica possuíam em média dois a três anos de continuidade de exercícios, praticando até o momento da elaboração do estudo. As não praticantes de forma geral nunca, até o momento do estudo, tinham se inserido em um programa de exercícios contínuo, apesar de que algumas já adentraram na ginástica aeróbica, porém com um período inferior a quatro meses de prática, desconhecendo os seus principais benefícios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
            Através de tal estudo pôde-se constatar o quanto que o exercício sistemático, desde que bem orientado e praticado, pode contribuir para a saúde e qualidade do indivíduo, em especial, o público feminino.
            A prática constante de exercícios físicos como a ginástica aeróbica acaba se mostrando como um verdadeiro remédio para a atenuação dos sintomas da SPM.  Os aspectos relacionados ao humor são os que mais são aliviados mediante o uso de atividades físicas sistemáticas, mas não se restringindo apenas a esses efeitos, dores nas mamas, inchaço nas pernas, insônia, dores de cabeça e desconfortos abdominais (dismenorréia – cólicas) também possuem claramente os seus índices diminuídos através de um estilo de vida ativo e de uma alimentação saudável.
            As mulheres que se encontram ociosas quando as atividades físicas sistematizadas se inserem em um campo totalmente prejudicial ao seu bem-estar. Além de provocar uma série de interferências nos sistemas orgânicos, o sedentarismo pode acabar funcionando como uma grande ferramenta de apoio aos principais sintomas sentidos pelas mulheres na fase folicular do ciclo menstrual.
            O gráfico 1 mostra a prevalência dos sintomas sentidos pelas mulheres sedentárias na fase lútea do ciclo.
Gráfico 1 – Prevalência dos sintomas da SPM em mulheres sedentárias
Pode-se notar que a grande maioria dos sintomas sentidos por essas entrevistadas possuem índices maiores se comparados as praticantes de ginástica aeróbica, gráfico 2. Sintomas como irritabilidade, mau humor e vontade de chorar, todos relacionados ao estresse sofrido pela mulher no período lúteo tiveram respectivamente 80, 70 e 70% de prevalência nas entrevistadas. Sintomas referentes às dores (cefaléia, cólicas, dores nas pernas e nas mamas) obtiveram índices entre 50 e 90%. Calor com 30%, vontade de comer doce com 20%, acne com 60% completam os outros dados mensurados. Referente à insônia pôde-se constatar que as mesmas entrevistadas mesmo não praticando exercícios sistemáticos, não apresentaram problemas relacionados a falta de sono, haja visto que a atividade física estruturada colabora para um sono tranquilo e reparador, combatendo a própria dificuldade de dormir. Durante o sono acontece uma reorganização cerebral, onde informações essenciais são colocadas no lugar correta enquanto as desnecessárias são logo eliminadas (SABA, 2008).
Estima-se que 3 em cada 10 adultos brasileiros sofram de insônia. A nível cerebral, a insônia compromete a comunicação entre os neurônios, prejudicando a memória e o aprendizado. Pesquisas realizadas na Universidade de Chicago demonstraram que a falta de sono acaba interferindo na produção de leptina, aumentando a ingestão de carboidratos além do limite ideal e necessário. As doenças cardiovasculares passam então a ter mais chances de desenvolvimento.
Gráfico 2 – Prevalência dos sintomas da SPM em mulheres praticantes de Ginástica Aeróbica
           
            Observa-se então a grande diferença que os exercícios físicos provocam nessa síndrome, conforme dados do gráfico 3. As mulheres inseridas na ginástica aeróbica obtiveram índices inferiores a 45% do quadro sintomatológico da SPM. Mau humor, dores nas mamas e cólicas (dismenorréia) forma os sintomas mais reclamados com 40% de prevalência. Irritabilidade, acne e vontade de chorar vêm logo em seguida com 30% de aparecimento. Vontade de comer doce, inchaço ou dores nas pernas e cefaléias completam a lista de sintomas com 10%, 20% e 10% de aparições sintomáticas.
            A diferença existente entre esses dois grupos de mulheres é tão clara que acaba por reforçar ainda mais o enorme valor do exercício físico no combate aos sintomas da SPM. Daí aparece a importância da atividade muscular. A prática regular de atividades físicas sistematizadas colabora para uma maior eficiência do sistema circulatório, equilibrando o metabolismo, ajudando nas principais funções orgânicas do corpo. Pessoas com índice muito baixo de exercícios possuem maior propensão a doenças do aparelho circulatório, obesidade, hipertensão, estresse entre outros (TOMITA, 1999). Uma mulher sedentária então além de lidar todos os meses com o ciclo menstrual e suas complicações pode ter ainda mais sua qualidade de vida e sua saúde agravadas através de estilo de vida inativo. Exercícios periódicos como a ginástica aeróbica, fortalecem os músculos, ajudando a suportar melhor as tensões do dia-a-dia. Com essa tensão reduzida, aparecerá maior relaxamento e um sono mais reparador.
Vale lembrar que uma boa alimentação e o não uso de drogas também se inserem de forma significativa nessa melhoria sintomatológica feminina.
CONCLUSÃO
Mediante tudo que foi estudado e analisado pode-se chagar a conclusão de que um remédio extremamente eficiente para os males da SPM é o exercício físico bem orientado e praticado, contando ainda com o apoio de uma alimentação saudável e hábitos salutares. O profissional de Educação Física mais uma vez ganha destaque nesse quesito, pois o mesmo é quem lida diariamente com a ginástica aeróbica, a principal atividade física sistemática nas academias do mundo inteiro.
            Trabalhar com a prevenção e com o alívio de sintomas inerentes a essa fase fisiológica que acomete as mulheres do mundo inteiro é um trabalho bastante significativo, pois além de contribuir para a saúde e qualidade de vida da sociedade, esse profissional acaba interferindo nos gastos que poderiam aparecer com remédios e sintomas mais graves da SPM não cuidada e prevenida na medida do possível. Mesmo com 40% da população mundial feminina sofrendo com esses processos colaterais, através de um estilo de vida ativo, as mesmas podem reduzir enormemente os aspectos sintomatológicos de tal evento cíclico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAHAM, G. E. (1978). O ciclo menstrual normal. In: GIVENS, J.R. Endocrine Causes of Menstrual Disorders. Chicago: Year Book Medical Publ.
BARNHART, K., FREEMAN, E. & SONDHEIMER, S. (1995).Um guia clinico da síndrome pré menstrual. Medical Clinics of North America, Vol. 79, N. 6, pp. (1452-1476).
CHUONG, C., COULAM, C., KAO, P., BERGSTRALH, E. & GO, V. (1985).Níveis de neurotransmissores na síndrome pré menstrual. Fertility and Sterility, Vol. 44, N. 6, pp. 760-765.
GUIMARÃES, I. & ROTSTEIN, S. (1994). Fisiopatologia do ciclo menstrual. Femina, Vol. 22, N. 2, pp. 99-109.
JOHNSON, S. (1992). Abordagem do médico para o diagnóstico e gerenciamento de síndrome pré-menstrual. Clinical Obstetrics and Gynecology, Vol. 35, N. 3, pp. 637-657.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
MORGAN, W. (1985). Beneficência afetiva da atividade física vigorosa. Medicine and Science in Sports and Exercise, Vol. 17, N. 5, pp. 94-100.
NEIRA, Marcos Garcia. Cultura corporal: diálogos entre educação física e lazer. Petrópolis: Vozes, 2009.
NIEMAN, David C. Exercício e Saúde. São - Paulo: Manole, 1999.
RAMOS, Alexandre Trindade. Atividade Física. Rio de Janeiro: Sprint, 1997.
SABA, Fabio. Mexa-se: atividade física, saúde e bem-estar. Phorte: São - Paulo, 2008.
TOMITA, Rúbia Yuri. Atlas visual compacto do corpo humano. São – Paulo: Rideel, 1999.
ANEXOS
Ficha de avaliação da SPM (Síndrome Pré Menstrual)
ü  Você sabe o que significa SPM (Síndrome Pré Menstrual)?
(          ) SIM         (         ) NÃO                                                
ü  Conhece o significado da menstruação (suas causas)?
(         ) SIM          (         ) NÃO
ü  O que você sente quando está neste período?
(         ) Irritabilidade                                     (         ) Calor
(         ) Mal humor                                        (         ) Acne
(         ) Vontade de comer doce                   (         ) Desconforto abdominal
(         ) Inchaço e dores nas pernas               (         ) Dores de cabeça
(         ) Dores na mama                                 (         ) Vontade de chorar
(         ) Insônia
(         ) Calor
ü  Pratica algum exercício físico?
(         ) SIM         (         ) NÃO
ü  Pratica ou já praticou treinamento de força?
(         ) SIM         (         ) NÃO
ü  Enxerga alguma relação entre exercícios físicos e SPM (Síndrome Pré Menstrual)?
(          ) SIM         (         ) NÃO
ü  Você conhece os benefícios de uma alimentação saudável?
(         ) SIM          (         ) NÃO
ü  Sua alimentação é saudável?
(          ) SIM         (         ) NÃO
_________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário